sexta-feira, 22 de maio de 2020

Ricos, Pobres e Miseráveis.
O ciclo do crime.


Minha atividade de polícia permite-me analisar a sociedade de um ângulo único, convivo com a realidade dos ricos, dos pobres e dos miseráveis. As viaturas circulam em todas as áreas e atendem a todos.
Esta relação estreita possibilita participar das relações diárias destas classes, além de me incluir em uma – os pobres. Assim participo, direta e  indiretamente de seus problemas.
Com relação aos ricos é bom salientar que se atendem poucos chamados, casos raríssimos de roubos ou latrocínios, prisões nesta classe são raras, violência doméstica, apesar de existir, não chegam à polícia. Em geral são eles as vítimas.
Relativamente aos pobres atendemos chamados envolvendo: violência doméstica, briga entre vizinhos, furtos, roubos, receptação, jogo de azar (são os apostadores), embriaguez, ameaças.
Nesta classe prendem-se muitas pessoas, em geral, pelos mesmos crimes: roubo, furto, pela falta de pagamento de pensão alimentícia, pela agressão contra familiares, tráfico de drogas e muitos foragidos.
Nos casos de furto e roubo de veículos em que o agente agressor é de classe pobre, o que ele objetiva é aparentar uma vida abastada, compra carro novo, frequenta casas noturnas caras, ostenta joias e muitas mulheres, mas não deixa de ser pobre, vez ou outra é preso, mas em pouco tempo está nas ruas de volta, e traz consigo uma enorme dívida com seus advogados. Para salientar, pobre rouba pobre, raramente rouba rico.
No último grupo encontro os miseráveis, posso afirmar que são, sem dúvidas, os mais prejudicados dos três. Meu olhar se volta com maior cuidado nestes casos: em geral a policia nunca é chamadas para atender ocorrência nestes locais, moram em condições subumanas sem saneamento adequado, com casas mal construídas e com muitos filhos, recebem salários muito baixos e vivem à margem de tudo.
Nesta classe prendem-se muitos, em geral por furtos de utensílios domésticos, bicicletas e grades de ferro, botijão de gás, furtam fios de cobres e encontrados em redes de telefonia e elétrica, em seguida os derrete e vende a centavos por quilo.
Onde moram os miseráveis, observamos muitos becos, ruelas, córregos, esgotos a céu aberto, cachorros pelas ruas e muitas crianças.
Pelas características o local é preferido por procurados da justiça, nestes becos são guardadas armas, drogas e veículos que os pobres roubam e furtam.
Com relação aos tóxicos, podemos afirmar que o crack está intimamente ligado à miserabilidade, os pontos de tráfico em geral são fétidos, sujos, as pessoas que usam crack são, em geral, sujas e analfabetas.
A grande parte dos crimes contra o patrimônio praticados pelos miseráveis é para a aquisição de alimento ou de tóxicos, o primeiro para sustentar a família e o último para sustentar o vício.
Quando são presos, ficam muito tempo nos presídios, sem advogados, aguardando julgamento, quando são soltos, em geral, retomam a rotina diária, qual seja, luta pela sobrevivência, encontramos muitos relatos de que a vida no presídio era melhor que nas ruas, devido a alimentação diária.
Diante deste antagonismo social, resta destacar algumas, e não todas, as causas e as consequências das distinções acima expostas.
A primeira: ricos não ficam presos. Muitos cometerem crimes, tanto quando os pobres e miseráveis, são também os responsáveis pela geração da pobreza e miséria e consequente violência. Alguns sonegam impostos, desviam dinheiro do governo para seus bolsos com a corrupção, legislam em seu próprio interesse, ou simplesmente não são solidários, talvez esta última seja a pior característica.
A Segunda: os pobres, não contente com a relação desproporcional entre patrão e empregados – exploração – preferem cometer crimes achando que assim darão uma vida melhor para seus familiares e para si própria a fim de adquiriram o mesmo status dos ricos, gerando violência e crimes, dos mais perversos. São presos, e fazem de tudo para retornar para as ruas, para tanto, gastam muito com advogados e necessitam voltar ao crime para dívidas contraídas no presídio.
A terceira: os miseráveis lutam pela sobrevivência, trabalham em condições degradantes, ganhando baixos salários, seguem regras próprias, cometem crimes a fim de subsistir e são presos, mas não sentem muita diferença entre a prisão e as ruas, e voltam a cometer os mesmo crimes.
As demais reflexões são com vocês, ricos, pobres ou miseráveis.

quarta-feira, 20 de maio de 2020


Fake News – Não seja mais um idiota.

Já ouvi alguém falar que as redes sociais deram voz aos idiotas, não concordo inteiramente com a afirmação, no entanto, é possível afirmar que deram voz ao incauto e ao mal intencionado, destes só o último é um idiota verdadeiramente.
 Ocorre que, diariamente, seja pelo Whatsapp, pelo Facebook ou outras redes sociais, somos bombardeados por notícias falsas chamadas fake news, o conteúdo é diverso, mas em regra é difamatório e mentiroso, com intenção nebulosa e subjacente.
Talvez você, cidadão de bem, cuja interação na rede social é intensa, na sua pseudo sapiência, está sendo o instrumento da mentira, perpetrando o ódio e a violência em todas as suas formas, verdadeira figuração do mal. Se repassa fake News você é o reprodutor de falsidades, e o faz, em regra, para ter o prazer de compartilhar com seus afetos ou desafetos virtuais que “estava certo”, mesmo estando errado. Infantilidade ou maldade?
Como consequência desta atitude, débil ou maldosa, pessoas já morreram. Sabia que uma mulher foi morta em público depois que uma fake news noticiou que ela era uma feiticeira que matava crianças? Sabia que a vacina também foi alvo de fake news e milhares de pessoas acreditaram?
Importante mesmo é ficar vacinado contra fake news, mas como? É simples: desconfie daquelas matérias que não citam fontes, antes de compartilhar busquem dados nos sites especializados em desmascarar notícias falsas e em seguida denuncie a postagem. Verifique a data da matéria, isto é importante, atualmente circula nas redes sociais uma fake news sobre caixões vazios, se você verificar o link verá que se trata de uma notícia antiga, sem relação com contexto que o autor da notícia falsa pretende inferir.
O mais prudente é que você, antes de compartilhar qualquer matéria em suas redes sociais, deixe um pouco de lado a sua voracidade em comprovar suas teses, sejam elas quais forem, e permita-se refletir sobre as consequências da postagem, verifique em que ele contribui. Se for algo difamatório, não compartilhe, não replique o ódio e a mentira, não cause a tristeza, não destrua reputações, pois você mesmo poderá ser a próxima vítima daquilo que não combateu quando podia.
Exercitando. Não há como você compreender na totalidade este texto se não souber o significado das palavras incauto e subjacente, neste caso recorra ao dicionário. Assim proceda também com matérias que você decide compartilhar, pesquisa a fonte.
 Seja honesto intelectualmente, não mais um idiota.


Geverson Aparício Ferrari
Bacharel em Direito  - UniRitter
Mestre Sociologia - UFRGS
Licenciando em Filosofia - UFPel