terça-feira, 21 de junho de 2011

Reflexões sobre o morro de Sapucaia

            Moro no morro. No morro de Sapucaia e que muitos chamam de morro do Chapéu, próximo de onde o desbravador Antônio de Souza Fernando fundou a fazenda Sapucaia (Eni Allgayer, 1992).                                                     
       Eu o observo da banda da direita de quem o olha do centro de Sapucaia do Sul. Do meu lado, o morro parece ter um nariz que aponta para a cidade. E quem duvida que ele esteja, de fato, observando a nossa cidade? Se isso for verdade, deve der visto muitas coisas nestas terras desde seu surgimento há milhões de anos, de políticos corruptos a criminosos mais descuidados.
        Nesta nossa viagem reflexiva, a grande montanha de pedra, que por sua constituição criacionista não pode falar nem se mover (o que não significa que não veja e ouça), deve ter visto grande parte da mata nativa se dissipar por causa do pseudoprogresso do homem, sentiu a mudança climática causada pela poluição depois da revolução industrial. E com certeza ficou muito triste com o desaparecimento de animais que por ele passavam, e das belas aves que nele pousavam. 
         Pela sua idade, que deve perpassar bilhões de anos, viu esses mesmos animais e aves se transformarem, mudando de forma e de atitudes. Alguns, como o homem, desviando-se da lógica de sobreviver e proteger a espécie, trilhando o caminho oposto: o da autodestruição.
         E se o morro pudesse falar, seria nossa testemunhas perfeita, pois com certeza deve ter visto muitos homicídios, uma prova ocular inconteste e esclarecedora, por exemplo, sobre a morte do nosso saudoso Sargento Danilo Wolff, cuja capacidade investigativa humana não quis ou não consegui elucidar, e que ocorreu ao pé do morro.                                         
         O morro do chapéu também conheceria os autores de outros homicídios, estupros, roubos e também das centenárias negociadas entre policiais corruptos e criminosos, que como sabemos não é coisa contemporânea, porém em sua maior parte, ocorre na calada da noite ou em lugar ermo, o que dificulta, sobremaneira, seu esclarecimento.
           O morro também apontaria outros ladrões como os de gados, de madeira, de fazendas e sítios.
           Mas não é só crime o que ele vê do alto de sua sabedoria observadora, pois do lugar onde o soberano morro do Chapéu se encontra pode observar que o homem, pretensiosamente, se diz seu dono o cercando com o objetivo de protegê-lo. E é mesmo lamentável reconhecer que ele precise de proteção, pois o animal que ele tanto observara agora o quer destruir, sim! O homem, com seu genético instinto autodestrutivo depreda a natureza e a si mesmo.  
           Mas percebo que o morro anda irônico, pois em certa hora da manhã, no horário em que o sol vai se levantar, eles se alinham e trocam confidência, e juro que percebo um sorriso irônico no rosto imaginário que criei para o nosso morro do chapéu.              
         Imagino que, com sua milenar experiência, o morro saiba exatamente onde nossa ganância, imprudência despreparo e desrespeito à natureza e ao nosso próximo irá nos levar.                                          

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