É cogente que proporcionar Segurança Pública a todo o cidadão é dever do Estado, isto está positivado no artigo 144 da Constituição Federal, interessante é que o mesmo título legal afirma ser, também, responsabilidade de todos questões relativas à Segurança Pública. Isto inclui você que lê este texto.
Porém, de forma recorrente, observo nas vias públicas dezenas de trabalhadores avisando criminosos sobre ações da polícia, o fazendo sem mesmo darem-se conta disso, enganando-se a imaginar estarem fazendo um ato de solidariedade.
Explico: quando alguém passa por nós com seu veículo e faz o sinal de luz, com certeza logo a frente há uma barreira policial ou um acidente de trânsito, este é o famoso sinal de luz intermitente que todos já avistaram nas vias públicas.
Muitas pessoas, ao perceberem o sinal, colocam o cinto de segurança, diminuem a velocidade ou por estarem sem habilitação ou com documentação do veículo em atraso tomam outro caminho a fim de se verem livres da abordagem. No entanto, além de ser infração de trânsito prevista no artigo 251 inciso II do Código de Trânsito Brasileiro, esta questão encerra outra faceta. Senão vejamos.
Na semana estava em Porto Alegre, parado em uma sinaleira esperando o sinal verde liberar o trânsito, quando um taxista, sem me conhecer, parou ao lado e disse:
--- Amigo! Na rua à esquerda tem um “barreirão” da Guarda Municipal. Em seguida saiu em alta velocidade para à direita.
Outro dia eu estava deslocando pela Avenida Américo Vespúcio em Sapucaia do Sul, quando um ônibus passou por mim fazendo sinal de luz intermitente, com a nítida intenção de avisar-me que havia uma barreira policial à frente.
Nos dois casos acima, ambos, taxista e motorista de ônibus, são trabalhadores – pressuponho. Porém com esta atitude estão ajudando criminosos, e eu imagino como isso ocorre em todo o Brasil. O ato, além de reprovável na esfera administrativa ainda possibilita que muitos criminosos livrem de ações da polícia. Com o sinal intermitente de luz pessoas “de bem” os ajudam, sem nem mesmo darem-se conta disso.
Diariamente, diversas barreias policiais, têm por escopo, além da verificação da documentação, prender foragidos, pessoas embriagadas, traficantes, ladrões de veículos e de cargas, bem como apreender armas ilegais, dentre outros. Certamente estes criminosos jamais passarão nas barreiras, por mais estrategicamente que estas estejam posicionadas, pois receberam informações privilegiadas dos demais condutores. É certo que, mesmo com o exposto acima, muitos leitores ainda imaginam que a problemática da Segurança Pública não é um assunto seu. Então agora vou além com exemplificação.
Dois homens roubam um veículo na cidade de Esteio e deslocam pela RS-118 em direção a cidade de Sapucaia do Sul, eles adentram no bairro Boa Vista pela rua Benjamin Constante logo em seguida, ao entrarem na Avenida Theodomiro Porto da Fonseca, avistam um taxista no sentido contrário, como aquele de Porto Alegre, este está acionando o sinal de luz intermitente, informando que a frente existe uma barreira policial. Os criminosos, então, entram em outra rua e se vêem livres da abordagem e com a posse segura do veículo roubado.
Já em casa, na cidade de Esteio, o taxista descobre que seu carro particular, aquele comprado com suor do trabalho fora roubado, neste momento, lembrou que era o mesmo que havia passado por ele na Avenida Theodomiro Porto da Fonseca. E agora? Para o taxista só resta reclamar da Segurança Pública.
Como visto, não basta exigir somente do Estado resolução das problemáticas afetas a Segurança Publica. Destarte, espero que tenha ficado clara a parcela de responsabilidade salientada no início deste texto, atribuída a todos com destaque na Constituição Federal.
Além desta, existe, também, outras maneiras em que todos podem colaborar com a Segurança Pública de seu bairro e sua cidade, ligue 181 e denuncie crimes e contravenções, sua identificação será preservada. Experimente!
2 comentários:
Muito bem colocada a materia, porque é verdade que nunca se sabe quem esta atras do volante.
Ao ler este texto, de imediato pensei: porque avisar aos que vem que logo a frente terá uma barreira? Que mal tem pararmos numa fiscalização? Muitas pessoas assim como eu, acredito que tenham visto apenas o lado inocente deste aviso.
Talvez na inocência de quem avisa, seja um simples toque ao próximo, do aviso até a barreira é o tempo necessário para que o motorista que não tem o hábito de usar o cinto de segurança, por exemplo, o coloque. Não havia pensando nessa situação de maneira geral, ao ponto dessa “ajuda inocente” se estender aos bandidos como coloca o Sgto.
Não tenho o hábito de avisar aos que vem que logo à frente passarão por uma barreira policial e nem de desviar de uma, mas também não havia pensado na atitude infeliz que teria se avisasse. Muitas pessoas não param para fazer esta reflexão, acham normal esse aviso com sinal de luz.
Se tivéssemos (sociedade no geral) consciência de nossas obrigações e cientes do que temos que fazer, certamente não temeríamos em parar nas barreiras, afinal como já diz o ditado: “Quem não deve, não teme”, mas há quem avise e evite.
Até este texto não havia refletido sobre este tipo de atitude, pensava apenas que policiais evitariam muitas multas e recolhimento de veículos, mas estas atitudes vão muito além disso, pois bem como coloca o Sgto, ajuda criminosos a evitarem barreiras levando nossos bens facilmente. Vejo hoje a comunidade interagindo de maneira positiva para termos uma Sapucaia melhor, mas percebo que assim como tem pessoas de bem, tem aquelas que seguem para o lado contrário. É comum vermos depois de assaltos pessoas reclamando da segurança pública, pois tiveram seus bens furtados e nunca mais recuperados. Porém estas mesmas pessoas, não param para pensar que só a segurança pública não pode dar conta de tudo, que enquanto a sociedade não se reeducar e mudar alguns hábitos não chegaremos ao bem comum.
Precisamos parar e refletir: até que ponto uma atitude minha, pode influenciar no todo? Se incentivarmos atitudes como a de avisar a localização de barreiras, por exemplo, vamos permanecer eternamente reclamando da nossa segurança, sendo que parte dela é a nossa conscientização em mudar hábitos e atitudes que hoje estão ultrapassados, graças ao grande avanço da criminalidade.
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